O corpo como caminho
- Fernanda Mendes
- 10 de abr.
- 2 min de leitura
Existem momentos em que a prática deixa de ser técnica e se torna encontro. Quando paramos de apenas "fazer" yoga — e passamos a ser yoga. Quando o asana se dissolve, e o que permanece é presença.
É nesse instante que escutamos, pela primeira vez ou pela centésima, uma voz que não grita. Ela sussurra, suave, firme e contínua — a voz do coração. Essa voz não é moldada por expectativas externas, nem por roteiros de perfeição. Ela se revela no espaço que criamos com a respiração, esse fio invisível que nos costura por dentro e nos leva de volta pra casa.
Na visão de Desikachar, o yoga é o caminho do coração. Não um coração romântico, mas um centro de sabedoria. Um centro de comando sutil, silencioso, que sabe o que é real. Quando respiramos com atenção, começamos a trilhar os caminhos internos que nos revelam não o que devemos ser, mas o que já somos, em essência.
A respiração, nesse sentido, é um guia. Ela nos conduz por túneis de sensação, ilumina cantos escondidos do corpo e da alma. Cada inspiração é um chamado para a escuta, cada expiração, um convite ao desapego.
E é no meio desse fluxo — entre o encher e o esvaziar — que abrimos um portal: aquele que nos permite tocar a vida com valor, com coragem amorosa, como diria Bell Hooks.
Porque o amor verdadeiro, o amor que transforma, começa aqui …quando nos comprometemos a não abandonar a nós mesmos. Quando escolhemos seguir o caminho da escuta, mesmo quando é incômodo. Quando deixamos o yoga nos atravessar, nos moldar de dentro pra fora, nos fazer inteiros novamente.
Esse é o valor de viver com o coração desperto: não é sobre performance, é sobre presença. Não é sobre controlar o corpo, mas sobre confiar na sabedoria que habita nele.
Respira. Escuta. Teu coração sabe o caminho. Confia nele.
Com amor,
Fernanda.
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