Movimento, corpo e consciência: aprendendo com a evolução
- Fernanda Mendes
- 1 de set.
- 2 min de leitura
O movimento humano vai muito além de gestos ou posturas. Ele carrega milhões de anos de adaptação, transformação e refinamento. Entender essa história é fundamental para quem trabalha com o corpo, seja no yoga, na educação física, fisioterapia ou qualquer prática terapêutica.
O raciocínio evolutivo nos convida a olhar o corpo como um organismo moldado por hábitos ancestrais, pressões da natureza e padrões motores que garantiram nossa sobrevivência. Quando olhamos o movimento sob essa perspectiva, conseguimos perceber por que alguns padrões funcionam tão bem, por que surgem desequilíbrios e como podemos prevenir dores e lesões de maneira mais inteligente. A locomoção bípede, por exemplo, fruto de milhões de anos de adaptação, nos mostra como a distribuição de carga entre coluna, quadril e joelhos é essencial. Ignorar essa história aumenta o risco de sobrecarga e desconforto.
Carl Jung nos lembra que corpo e mente estão profundamente conectados:
“O corpo é o inconsciente feito visível.”
Cada gesto carrega memórias, tensões e hábitos, refletindo tanto nossa evolução quanto nossas experiências de vida. Observar o movimento é, portanto, também observar a psique, perceber onde existem bloqueios, rigidez ou padrões que nos limitam.
Galeno, médico e filósofo da Antiguidade, já apontava a importância de compreender o corpo em relação às suas funções naturais. Para ele, saúde era equilíbrio: entre estrutura, função e movimento. Hoje, essa visão clássica ainda nos guia. Um corpo que se move bem, respeitando sua anatomia e história evolutiva, funciona melhor e nos protege de sobrecargas.
E a ciência moderna nos traz outro aliado: a neuroplasticidade. Nosso cérebro tem a capacidade de se reorganizar e criar novas conexões a qualquer momento. Cada movimento deixa um “rastro” neural que fortalece padrões saudáveis ou cria caminhos novos para nos mover melhor. Postura, equilíbrio, coordenação — tudo isso treina não só músculos e articulações, mas também o cérebro, nos ajudando a liberar tensões e sentir mais bem-estar.
O raciocínio evolutivo também nos ajuda a perceber a plasticidade do corpo. Movimentos modernos: ficar sentado por horas, digitar, dirigir... podem gerar tensões que não combinam com nossa estrutura ancestral. Jung nos lembra: “Até que tornemos consciente o inconsciente, ele dirigirá a nossa vida e chamaremos isso de destino.” Ou seja, ao nos mover de forma consciente, conseguimos não só realinhar o corpo, mas integrar padrões que estavam escondidos, promovendo saúde física, emocional e mental.
Na prática, aplicar o raciocínio evolutivo significa criar treinos e práticas que respeitem o corpo, fortaleçam funções perdidas, equilibrem postura, força e mobilidade.
Mas também é enxergar o movimento como algo simbólico: cada gesto é uma ponte entre a memória ancestral do corpo, a consciência individual e o cérebro que se adapta, promovendo autoconhecimento e equilíbrio integral.
Em resumo, pensar o movimento sob essa perspectiva não é apenas teoria. É uma ferramenta poderosa para cuidar do corpo, melhorar desempenho, prevenir dores e viver com mais liberdade e conexão consigo mesmo. Ao integrar corpo, psique e cérebro, transformamos o movimento em consciência, expressão e cura, respeitando, ao mesmo tempo, o equilíbrio que Galeno já nos ensinava.
Com Amor, Fernanda.




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