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O que você evita quando se ocupa demais?

Hoje, um dos fenômenos mais comuns na humanidade é a confusão entre estar ocupado e estar avançando. Vivemos cercados de pessoas aceleradas, cheias de compromissos, exaustas, mas, paradoxalmente, imóveis por dentro. Um corpo que corre não é, necessariamente, um corpo em movimento interno. Muitas vezes é apenas um corpo fugindo.


O que vejo todos os dias, trabalhando com práticas corporais, energéticas e somáticas, é exatamente isso: muita gente que chega cansada, mas não de caminhar, e sim de se distrair. E a distração cansa mais do que qualquer esforço consciente.


Por que isso acontece?

Porque permanecer no confortável, mesmo quando dói, é mais fácil do que assumir que temos decisões a tomar. Enquanto mantemos a agenda cheia, não precisamos encarar aquilo que evitamos ... conversas difíceis, mudanças que sabemos que precisam acontecer, planos que nós mesmos fizemos e, ainda assim, sabotamos.


No fundo, toda distração tem uma utilidade inconsciente. Às vezes é proteção. Às vezes é o medo do esforço emocional que a mudança exige. Às vezes é o receio de abrir a porta certa e, junto com ela, todas as responsabilidades que virão.

Da perspectiva da neurociência, faz sentido: o cérebro é um órgão econômico. Ele prefere repetir padrões antigos, mesmo os que fazem mal, porque mudar exige mais energia, mais presença, mais consciência. Mudar não é confortável, e o corpo sabe disso antes mesmo de racionalizarmos.


Por isso tantas pessoas vivem em um estado de “atenção fragmentada”: fazendo mil coisas, mas sem continuidade interna. E sem continuidade, não há construção.


No yoga, aprendemos que movimento real nasce de dentro

Patanjali já dizia: “Yoga é a cessação dos movimentos da mente.” Não no sentido de parar de pensar, mas de cessar o turbilhão que nos dispersa. O yoga nos ensina que a presença não é apenas um estado, é uma escolha diária.


E é exatamente isso que observo quando trabalho com corpos: Quando a pessoa finalmente silencia o ruído interno, algo se reorganiza. Quando a respiração encontra ritmo, as decisões encontram forma. Quando o corpo aterrissa, a vida deixa de ser fuga e volta a ser caminho.


Qual é o custo de viver distraído?

A neurociência é clara: A atenção fragmentada aumenta a ansiedade, diminui a capacidade de tomar decisões e fragiliza o senso de continuidade, aquele fio interno que nos permite sustentar um projeto, manter um compromisso e realizar transformações reais. Nos mantém emocionalmente empobrecidos e energeticamente cansados.

E, no limite, viver distraído é permitir que o medo governe no lugar da consciência.


A distração anda colada com a indecisão

E aqui está um ponto importante: A maioria das pessoas que se distraem, também estão indecisas. Indecisão não é falta de capacidade, é falta de intimidade consigo mesmo.


Por isso, hoje, te deixo duas perguntas-prática: uma para quem sabe o que quer, e outra para quem ainda está descobrindo...


Qual distração, hoje, está me fazendo fugir do que eu realmente quero?


O que realmente estou buscando? O que realmente quero?


E, para ambos os caminhos:


O que eu preciso decidir hoje? O que venho adiando?


Essas perguntas não são intelectuais. São corporais, são portais. Cada vez que você escolhe respondê-las com honestidade, volta um pouco mais para o seu eixo. Volta para o que importa, como se estivesse voltando pra casa. Porque ninguém se perde por falta de tempo, as pessoas se perdem por excesso de fuga. E talvez hoje seja o dia de começar a retornar.


Com amor,

Fernanda.

 
 
 

1 comentário


sgldacpimenta
há um dia

Obrigado por sempre trazer reflexões profundas e muito atuais. Vou seguir o caminho procurando responder da maneira mais honesta e verdadeira.

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