O corpo sabe antes
- Fernanda Mendes
- 13 de nov.
- 2 min de leitura
Você já se perguntou por que certos comportamentos parecem voltar, mesmo quando acredita ter aprendido a lição?
Quando estamos atentos, e um comportamento se repete, o convite é pausar e perguntar:
há quanto tempo esse padrão habita em mim?
qual o efeito que ele produz no meu corpo, nas minhas relações, na minha energia?
o que desperta esse movimento?
Mas, afinal, que padrão?
Tudo o que faço mais de uma vez... os gestos, as frases automáticas, as reações que se repetem mesmo quando não quero. Nada disso está fora do meu inconsciente.
Na Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), chamam de padrões comportamentais ou esquemas centrais essas estruturas internas que nascem das experiências precoces. São formas de interpretar o mundo, moldadas por vivências de amor, rejeição, ausência ou exigência. Com o tempo, esses esquemas se tornam lentes pelas quais percebemos tudo, e sem perceber, reagimos sempre a partir do mesmo lugar.
Quando algo toca um ponto sensível do esquema, o corpo responde antes da mente. O sistema nervoso dispara o conhecido: defesa, fuga, controle, autocobrança, ou a busca por aprovação. Assim, o padrão se repete, não porque queremos, mas porque ainda não o vemos inteiro.
É nesse ponto que a respiração entra como instrumento de revelação. A respiração denuncia o que a mente tenta esconder "o ar que prende quando o medo volta", o peito que se fecha quando o afeto ameaça, o suspiro longo quando a culpa pesa. Respirar conscientemente é perceber o padrão no corpo antes que ele se torne comportamento.
te convido a identificar o pensamento automático e perguntar:
isso é "fato" ou é apenas uma história que registrei como percepção?
A respiração amplia essa pergunta para o corpo. Ela nos ensina a olhar o que está por trás da reação, o que realmente se move ali. Porque não existe coisa boa ou ruim, existe coisa. E se um padrão se manifesta, há um uso para ele: um pedido de consciência, uma forma da vida nos mostrar onde ainda não respiramos por inteiro.
Os padrões criam defeitos, e os defeitos são dobras da percepção. Por trás do medo, há um pedido de segurança; por trás da raiva, um pedido de escuta; por trás do controle, um pedido de confiança.
Quando olhamos a coisa por trás da coisa, percebemos que nem era tanta coisa assim. E ainda assim, se chegou pra gente, é da gente. Se alguém chegou, ou foi embora, veio sob medida. Tudo o que se apresenta é campo que pede presença.
Cada inspiração é uma oportunidade de dissolver o registros, de refinar o conteúdo interior, de respirar diferente, sem carregar o mesmo roteiro.
A respiração é a pedagogia do instante, ensina sem exigir, revela sem julgar, transforma sem esforço. Respirar é permitir que a vida atravesse o corpo com menos filtro, até que o padrão, cansado de se repetir, se converta em sabedoria.
Lembre-se: quem tem pressa, tropeça. Caminhe por dentro de si com a curiosidade de quem se aproxima de um mistério, e não com a pressa de quem quer uma resposta.
com Amor,
Fernanda.




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