Respiração, assoalho pélvico e coluna vertebral: o corpo que respira por inteiro
- Fernanda Mendes
- 30 de out.
- 2 min de leitura
A respiração é o primeiro e o mais sutil movimento do corpo. Muito além dos pulmões, ela se propaga como uma onda que percorre o tronco, o abdômen, a pelve e até a base dos pés. Cada inspiração e expiração reorganiza pressões internas, sustenta posturas e influencia diretamente o tônus e a estabilidade corporal.
Do ponto de vista fisiológico, o diafragma é o músculo central desse processo. Em forma de cúpula e localizado entre o tórax e o abdômen, ele se contrai e desce durante a inspiração, aumentando o volume da cavidade torácica e permitindo a entrada de ar nos pulmões. Esse deslocamento cria uma pressão intra-abdominal que empurra suavemente as vísceras para baixo e para fora.
Essa variação de pressão é absorvida e equilibrada por uma estrutura complementar: o assoalho pélvico. Esse conjunto de músculos, fáscias e ligamentos sustenta os órgãos da pelve (bexiga, útero, reto) e atua como uma base elástica para o tronco. Quando o diafragma desce na inspiração, o assoalho pélvico acompanha o movimento e se alonga levemente; na expiração, ele se contrai e retorna à sua posição inicial, num movimento reflexo e rítmico.
Essa sinergia entre diafragma, assoalho pélvico e musculatura profunda do abdômen , especialmente o transverso do abdômen e os multífidos lombares, constitui o chamado sistema de estabilização central (ou core). Juntos, esses músculos mantêm o equilíbrio intra-abdominal, estabilizam a coluna vertebral e protegem as articulações durante os movimentos respiratórios e posturais.
Quando a respiração se torna curta, alta ou restrita, o que ocorre em situações de estresse, ansiedade ou postura colapsada, o diafragma perde amplitude, o assoalho pélvico tende a permanecer em contração crônica e a pressão interna se redistribui de forma desorganizada.
O resultado é o aumento de tensão em regiões compensatórias como a lombar, o pescoço e a mandíbula, favorecendo desalinhamentos, dores e até disfunções viscerais.
Na prática do yoga e nas abordagens fisioterapêuticas integrativas, a respiração é compreendida como um movimento tridimensional: expandindo o corpo em todas as direções - anterior, posterior e lateralmente. Esse movimento suave massageia os órgãos internos, mobiliza a fáscia, descomprime a coluna e restaura a fluidez do tônus.
Respirar com consciência é restabelecer o diálogo entre o centro e a periferia, entre o que dá suporte e o que se move.
Quando o corpo respira em unidade, o chão interno se torna firme, elástico e vivo, sustentando não apenas a postura, mas também a presença.
Com amor
Fernanda.




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