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O pacto invisível entre a palavra e o corpo

Existe algo de profundamente sutil, e ao mesmo tempo poderoso... nos combinados que fazemos. Eles parecem acordos simples, quase cotidianos, mas carregam camadas que vão muito além do óbvio. Quando pronunciamos um “combinado”, não estamos apenas fechando um pacto externo; estamos declarando ao mundo (e sobretudo a nós mesmos) que aquilo combina com quem somos naquele instante.


Etimologicamente, combinar vem do latim combinare: juntar duas partes, colocar em par, fazer corresponder. E no português, o verbo combinar preserva exatamente essa ideia essencial de origem - unir elementos que se correspondem, estabelecer um acordo que faz sentido entre as partes, declarar que algo está em harmonia com aquilo que somos ou queremos. Há sempre uma promessa implícita de coerência. Um combinado não é apenas um compromisso. É uma "afirmação silenciosa" de que algo, de alguma forma, está alinhado ao nosso centro.


Mas a vida é movimento, e nós também.


Como professores, terapeutas, praticantes ou caminhantes do próprio corpo, aprendemos que nada permanece fixo. A "respiração", nossa primeira mestra, já nos ensina: expandir, soltar, rever, atualizar. E no yoga, esse processo de observação é um convite a voltar-se para dentro, ouvir de novo, reconhecer a "verdade de agora".


Por isso, está tudo bem revalidar um combinado. Mesmo os antigos (principalmente os antigos). Aqueles que você criou com amor, entrega ou boa intenção. Quando você muda, aquilo que combina com você também muda. O compromisso que você honrou ontem pode já não corresponder ao que sua consciência pede hoje. E não existe fracasso nisso. Existe maturidade.


O que machuca não é reavaliar um combinado, mas permanecer preso a algo que já não conversa com o corpo, com a alma, com o caminho.


Muitas vezes nos vemos vivendo situações que não queríamos, sem entender de onde vieram. Mas se olharmos com cuidado, percebemos que foram geradas lá atrás, em pequenos “sim” ditos sem presença, em “claro, combinado” oferecidos sem escuta, em promessas feitas sem a menor conversa interna. Porque quando declaramos algo, movimentamos energia. A palavra é ato energético. É decreto. É intenção que ganha direção.

No instante em que você combina, você convoca forças {internas e externas}, para sustentar aquilo. E se esse combinado não nasce de um lugar verdadeiro, ele te leva a paisagens que você não escolheu conscientemente… e depois você se pergunta por que está vivendo aquilo.


Por isso, conhecer a si mesmo não é luxo espiritual. É responsabilidade energética. É a base para não sair combinando a própria vida com qualquer expectativa, convite ou fantasia alheia.


À medida que você investiga seu próprio centro, seu corpo causal, seu campo sensível, vai aprendendo a discernir: o que realmente combina comigo agora? O que pertence à minha caminhada? O que ecoa como verdade? O que já não faz sentido sustentar?

E nesse ponto, nasce um gesto de grande amor próprio: revalidar os combinados consigo.


Pausar. Respirar. Escutar de novo. Perguntar honestamente: isso ainda me honra? ainda me pertence? ainda me move?


Quando a resposta é não, desfazer ou atualizar o combinado não é romper, é devolver à vida a coerência que ela merece. Nesse processo, o yoga nos lembra: nada do que é verdadeiro se perde. Apenas se reorganiza.


Porque os novos combinados, quando nascem da consciência, já chegam mais alinhados, mais limpos, mais potentes. E quando você combina a partir do seu centro, o universo combina com você também: caminhos se abrem, situações fluem, e a vida te devolve exatamente aquilo que você sustentou com presença.


No fim, respeitar seus próprios combinados é respeitar sua própria energia.


E revalidá-los quando necessário é um ato de liberdade.


Com amor,

Fernanda.

 
 
 

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